Secretário virou “capataz” de empresa caçando médico em Natal, diz presidente do Sinmed-RN
Presidente do Sinmed-RN, Geraldo Ferreira, e secretário de Saúde de Natal, Geraldo Pinho – Foto: José Aldenir / Agora RN
O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed-RN), Geraldo Ferreira, acusou o secretário municipal de Saúde de Natal, Geraldo Pinho, de atuar em defesa das duas empresas contratadas emergencialmente pela Prefeitura, no mês passado, para fornecer mão de obra médica.
Em entrevista à TV Agora RN nesta sexta-feira 5, o dirigente sindical disse que o gestor virou “capataz” das empresas Justiz e Proseg. “O secretário virou capataz, virou feitor, caçando médicos para trabalhar por ela (a nova empresa) a todo custo”, declarou Ferreira.

Presidente do Sinmed-RN, Geraldo Ferreira, e secretário de Saúde de Natal, Geraldo Pinho – Foto: José Aldenir / Agora RN
Desde o início da semana, quando as novas empresas começaram a operar em Natal, médicos se recusam a aderir aos contratos propostos pelas empresas Justiz e Proseg, que substituíram a Cooperativa Médica (Coopmed). Segundo Geraldo, os contratos oferecidos aos médicos “têm toda característica de trabalho escravo”, com cláusulas que incluem multas e restrições consideradas abusivas.
Por causa da recusa dos médicos, as novas empresas estão com dificuldade para fechar escalas em hospitais e unidades de saúde. O secretário de Saúde diz que o Sinmed-RN atua em defesa da Coopmed e está “coagindo” médicos, ameaçando prejudicar os profissionais em outros contratos caso eles aceitem trabalhar para a Justiz e a Proseg. Além disso, a Secretaria Municipal de Saúde afirma que a Coopmed prestava serviços de maneira irregular desde 2023, o que demandou a contratação emergencial agora.
Críticas à terceirização
O presidente do Sinmed afirmou, ainda, que a atual gestão municipal optou por um modelo de terceirização “desvirtuado”, que coloca os profissionais em risco. Ele comparou os contratos emergenciais a práticas condenadas em relatórios de tribunais de contas e estudos acadêmicos. “É uma peste, essas empresas são uma peste. Não é uma terceirização legítima, a verdade é essa”, disse.
Segundo ele, há cláusulas abusivas que configuram “fraude aos direitos trabalhistas mediante coação psicológica do trabalhador” e “burla à regra do concurso público”. O sindicalista acrescentou que muitas dessas empresas são alvo de investigações em outros estados por fraudes e propina.
Denúncias contra a Secretaria
Na entrevista, Geraldo acusou a Secretaria de Saúde de perseguir médicos e agir em favor das terceirizadas. “Tem vários áudios, vídeos, de cargos comissionados da Secretaria de Saúde pedindo telefone de médico, pedindo tudo. Então, isto nos preocupa verdadeiramente”, declarou.
Mais adiante, ele reforçou: “Parem com assédio moral ao trabalhador, parem com essa postura de capataz e de feitor dessas empresas terceirizadas, atrás de médicos, feito capitão do mato, atrás de caçar médico para botar à força nessas empresas”.
Greve e próximos passos
De acordo com o presidente do Sinmed, a única paralisação em curso é a dos médicos estatutários, que interrompem as atividades um dia por semana. As dificuldades em fechar escalas nas UPAs e hospitais conveniados, como o Varela Santiago, seriam resultado da recusa de profissionais em assinar contratos considerados prejudiciais.
Geraldo defendeu que a solução é a realização de concurso público, ao invés da manutenção de contratos terceirizados. “Eu não entendo por que o prefeito não quer fazer concurso público. Eu não entendo por que o secretário não quer fazer concurso público. Interesses escusos de favorecer a empresa, né?”, disse.
Ele concluiu afirmando que o sindicato vai manter a mobilização contra a terceirização. “Nós não vamos parar. Vamos devolver a saúde pública de Natal e à Secretaria de Saúde a sua legalidade. Ou seja, faça concurso, dê reajuste salarial aos trabalhadores, respeite o trabalhador”, declarou.
Fonte Agora RN

