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Os 3 principais riscos para o crescimento do PIB do Brasil em 2025

Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 3,4% em 2024, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira (7). O resultado, impulsionado pelos setores de serviços e indústria, surpreendeu os agentes do mercado financeiro, que previam um crescimento maior, de 4,1%.

Para 2025, no entanto, as expectativas não começaram otimistas. O Focus da última quarta-feira (5) mostra que o mercado projeta um crescimento do PIB de 2,01% em 2025. Na primeira semana do ano, a projeção era de alta de 2,02%.

Os analistas esperam que a economia brasileira passe por uma desaceleração em 2025, impulsionada por uma série de fatores macroeconômicos e internacionais.

Além disso, a leitura é que a atual política de gasto público do governo também pode acabar comprometendo um resultado mais sustentável da economia. A política fiscal, dizem, é o maior desafio.

Diante desse cenário, o g1 perguntou a quatro especialistas quais são os principais riscos para a atividade econômica do país. São eles:

  1. Os gastos do governo;
  2. Taxas de juros elevadas e em tendência de alta;
  3. Novas tarifas de Donald Trump.

Gastos do governo

Segundo economistas, fatores como as reformas econômicas dos últimos anos e o mercado de trabalho aquecido ajudaram a impulsionar a atividade do Brasil em 2024, mas uma parte importante desse cenário é explicada pelos estímulos fiscais.

Isso porque, nos últimos anos, os gastos extras feitos pelo governo nos últimos anos para injetar dinheiro na economia até ajudaram a trazer um crescimento do PIB, impulsionando o consumo. Foi o caso das facilitações de crédito para empreendedores e o programa Pé-de-Meia, por exemplo.

E até mesmo o próprio IBGE destaca o papel dos estímulos fiscais no crescimento do PIB. Além do mercado de trabalho aquecido, o Instituto também atribui o forte consumo das famílias aos incentivos do governo ao longo do ano.

Os especialistas alertam, no entanto, que já não há mais espaço nas contas públicas para novos estímulos fiscais, em meio ao déficit bilionário do governo e a alta dívida do setor público. Neste ano, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou até a anunciar um pacote de corte de gastos, com o objetivo de economizar R$ 327 bilhões em cinco anos e equilibrar o quadro fiscal.

Assim, a leitura é que esse cenário deve desacelerar a economia. Primeiro porque, como explica o economista da XP Investimento, Rodolfo Margato, a tendência é que haja uma acomodação da atividade ao seu “potencial natural”, uma vez que o governo deve parar de injetar quantias expressivas de dinheiro na mão da população.

Além disso, também há um esforço contínuo do Banco Central do Brasil (BC) de controlar a pressão inflacionária no país causada pelos últimos estímulos fiscais, que acabaram elevando o consumo. A indicação é que os juros devem ficar ainda mais altos ao longo deste ano, o que também deve frear a atividade econômica.

Taxas de juros elevadas e em tendência de alta

A junção de um mercado de trabalho aquecido e estímulos fiscais gera o receio nos economistas de que a economia brasileira esteja trabalhando acima de sua capacidade, o que provoca inflação.

Antônio da Luz, economista da Ecoagro, faz uma analogia com os esportes para explicar o problema de estimular demais a economia: “Se um personal passa um treino para um aluno para desenvolver o físico, mas esse aluno começa a usar muitos anabolizantes, o corpo até pode parecer ideal e muito rápido, mas um exame de sangue vai mostrar que há algo errado”.

Um exemplo prático dessa situação na economia é a inflação de serviços. Até janeiro, o núcleo da inflação de serviços (que exclui itens voláteis, como passagens aéreas) acumulava uma alta anual de 5,9%, mais do que a inflação oficial, que acumulou 4,56%, mostra levantamento da Monte Bravo.

Fonte Globo.com