Política

Vereador denuncia complô para cassação de mandato e compra de testemunhas em Caicó

vereador Diogo Silva (Solidariedade) denunciou, em discurso na tribuna da Câmara Municipal de Caicó, um suposto esquema de perseguição política para cassação de seu mandato. Segundo o parlamentar, a trama envolveria o prefeito Judas Tadeu (PSDB), o secretário de Meio Ambiente de Caicó, suplente de vereador Nildson Dantas, além de um deputado estadual e outras lideranças políticas, com o objetivo de afastá-lo do cargo e garantir a posse de aliados.

Diogo Silva afirmou que a perseguição começou ainda na campanha eleitoral, quando, segundo ele, toda a estrutura da Prefeitura e os candidatos governistas foram mobilizados para tentar derrotá-lo nas urnas. “Era uma ordem tentar me derrotar. Não conseguiram. Veio o pós-campanha e iniciaram as tentativas de alguma forma me tirar do jogo”, declarou o vereador.

Ofertas de cargos e advogados bancados pela Prefeitura

De acordo com a denúncia, uma reunião teria ocorrido entre o prefeito Judas Tadeu e Nildson Dantas, na qual foi discutida uma forma de garantir a vaga de vereador para Nildson. O prefeito teria sugerido que algum vereador eleito pelo PSDB aceitasse uma secretaria para abrir a vaga, mas nenhum aceitou.

A estratégia então teria mudado, e segundo Diogo Silva, Nildson Dantas passou a articular uma ação judicial contra o próprio partido, o Solidariedade, acusando-o de uso de candidaturas laranja nas eleições. “O prefeito disse: ‘Nildson, então vamos fazer o seguinte. Você vai colocar o partido Solidariedade na Justiça alegando candidaturas laranja e eu pago um advogado de Recife’”, revelou Diogo Silva.

Além disso, o vereador afirmou que uma candidata do partido foi procurada e recebeu uma oferta de R$ 10 mil e um cargo na Prefeitura em troca de um depoimento falso contra o Solidariedade. “Ofereceram dinheiro a uma candidata para que assinasse um papel dizendo que era laranja. Mas a nossa candidata não assinou, porque sabia que não tinha sido laranja e fez campanha”, detalhou.

Troca de favores e envolvimento de deputado

Ainda segundo Diogo Silva, Nildson Dantas teria inicialmente tentado judicializar a eleição de outro vereador, mas o prefeito e um deputado estadual teriam impedido a ação porque “deviam um favor” ao parlamentar. “O prefeito e o Papa disseram: ‘Pelo amor de Deus, não faça isso, porque devemos um favor a esse deputado’”, disse.

Sem sucesso na tentativa de impugnar o Solidariedade, o grupo teria mudado de estratégia novamente e mirado o Podemos, partido que elegeu dois vereadores. Caso esses mandatos fossem cassados, a vereadora Dani Guedes (PT) assumiria uma das vagas, favorecendo a governadora Fátima Bezerra (PT). “O prefeito disse: ‘Só temos uma saída. O Podemos é do senador Styvenson. Se eles caírem, Dani Guedes, que é do PT, assume. A governadora tem força’”, relatou Diogo Silva.

Após essa conversa, Nildson Dantas teria procurado Dani Guedes para viabilizar a derrubada do partido. “Eles queriam derrubar o Solidariedade, que foi para a luta sem receber um centavo de fundo partidário, e agora querem calar a principal voz em defesa do povo hoje”, afirmou Diogo Silva.

Manipulação política e Justiça Eleitoral

O vereador ressaltou que enquanto seu partido, o Solidariedade, não recebeu recursos do fundo partidário e conquistou quase 3 mil votos de forma independente, partidos como o PL teriam recebido R$ 766 mil e alcançado apenas 2,1 mil votos. Para ele, isso demonstra a tentativa de manipulação do processo eleitoral. “Querem me tirar da Justiça, mas não vão conseguir, porque o lado de cima não dorme”, declarou.

A denúncia também foi reforçada pelos vereadores Luiz, Dedé, Mancuso e Zé Filho, que expressaram indignação com a situação e reforçaram que a campanha de Diogo Silva foi feita de forma limpa e baseada no apoio popular. “A gente está aqui porque mereceu. Foi uma campanha bonita, de pé no chão, com voto popular. Então não entendo por que essa perseguição”, disse o vereador Luiz.

O vereador Dedé relembrou que já enfrentou situações semelhantes e que sempre prevaleceu a vontade do eleitor. “No outro mandato do Zé Filho, ele sofreu muita perseguição. Chegou a falecer, e eu assumi. Agora estou de novo na Justiça, mas tenho certeza que o voto popular vai prevalecer”, afirmou.

Ameaça à democracia e pedidos de investigação

Diogo Silva concluiu seu discurso alertando para o que considera uma tentativa de golpe contra a democracia e o desejo do eleitorado de Caicó. “Se vocês quiserem ganhar, voltem na próxima eleição e tentem de novo. Mas usar a Justiça dessa forma é um absurdo”, criticou.

A denúncia gerou repercussão e a expectativa é que o caso seja levado ao Ministério Público Eleitoral e ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte para apuração. Até o momento, o prefeito Judas Tadeu e o secretário Nildson Dantas não se manifestaram sobre as acusações.

Fonte Agora Rn