Rio Grande do Norte

Nova diretriz classifica pressão 12 por 8 como pré-hipertensão e reforça prevenção

A Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025, divulgada nesta quinta-feira (18) no o 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia, passou a considerar valores entre 12 por 8 (120-139 mmHg sistólica e/ou 80-89 mmHg diastólica) como pré-hipertensão. Antes vistos como “normais limítrofes”, esses números agora exigem atenção médica, com foco em mudanças de estilo de vida.

Outra alteração significativa é a meta de tratamento: anteriormente, manter a pressão abaixo de 14 por 9 (140/90 mmHg) era considerado adequado. Agora, o alvo recomendado é abaixo de 13 por 8 (<130/80 mmHg) para todos os hipertensos, independentemente de idade, sexo ou comorbidades. A medida busca reduzir complicações graves, como infarto, AVC e insuficiência renal, sendo que, caso o paciente não tolere a redução completa, a orientação é alcançar o menor nível seguro possível.

Pela primeira vez, a diretriz também prioriza a redução do risco cardiovascular global, incorporando o escore PREVENT, que calcula a probabilidade de um paciente ter um evento cardiovascular em dez anos. O cálculo considera fatores como obesidade, diabetes, colesterol elevado e lesões em órgãos-alvo, permitindo condutas mais intensas para pacientes em alto risco, aproximando o cuidado da medicina de precisão.

O documento dedica ainda um capítulo exclusivo ao Sistema Único de Saúde (SUS), considerando que cerca de 75% dos hipertensos no Brasil são atendidos na rede pública. Entre as recomendações estão: priorizar medicamentos disponíveis no SUS, seguir protocolos multiprofissionais e estimular monitoramento com MAPA (monitorização ambulatorial) e MRPA(monitorização residencial) quando possível, visando reduzir desigualdades regionais e melhorar o controle da pressão em todo o país.

A diretriz também inclui orientações específicas para a saúde feminina, destacando períodos de maior vulnerabilidade para hipertensão, como uso de anticoncepcionais, gestação, peri e pós-menopausa e histórico gestacional.

Além disso, reforça medidas essenciais já conhecidas:

  • Mudanças no estilo de vida: perda de peso, redução do sal, aumento de potássio na dieta, padrão alimentar DASHe prática regular de atividade física;
  • Tratamento medicamentoso: recomendação de iniciar com associação de dois medicamentos em baixa dose, preferencialmente em um único comprimido, incluindo diuréticos tiazídicos, inibidores da ECA, bloqueadores de receptores de angiotensina e bloqueadores de canais de cálcio;
  • Populações específicas: a meta de <130/80 mmHg também se aplica a pacientes com diabetes, obesidade, insuficiência renal, doença arterial coronariana e histórico de AVC.

A nova diretriz busca, assim, ampliar a prevenção e melhorar o manejo da hipertensão no Brasil, combinando atenção clínica individualizada com estratégias práticas para a rede pública de saúde.

Fonte Tribuna do Norte