Brasil

Ondas de calor longas, seca e dengue: como será o mundo se esquentar 3ºC?

propícios para infecção, um aumento de 71%. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 6 milhões de brasileiros pegaram dengue neste ano até agora. Foram quase 4 mil mortes confirmadas pela doença, e a maioria das vítimas tinham entre 20 e 29 anos.

Para a malária, o aumento nas temperaturas globais de 1,5°C para 3°C tem um efeito reverso: o número de dias ideias para transmissão da doença pode cair de 114 para 104,4 dias em média em todo mundo. Mas o impacto do aquecimento em regiões mais frias, como Europa e América do Norte, favorece o aparecimento da doença onde ela atualmente não é presente.

Energia para refrescar

Para lidar com o calor extremo, moradores de cidades que tiverem condições financeiras devem investir em aparelhos de ar-condicionado – o que aumenta a demanda por energia. As estimativas do WRI mostram que, com 3 °C a mais, pelo menos 194 milhões de pessoas vão aumentar em 100% seu consumo de eletricidade destinada para resfriamento.

Na América Latina, o clima mais quente fará com que a demanda por energia para abastecer os aparelhos de ar-condicionado sofra a maior alta em relação às demais, mostram os cálculos.

Até em países com clima mais ameno e não acostumados ao uso de ar-condicionado, como os europeus, a demanda vai crescer. Em 2023, o ano mais quente já registrado até então, as vendas de aparelhos subiram em média 16% nas semanas de verão do Hemisfério Norte, estimou a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).

Atualmente, o resfriamento representa cerca de 10% da demanda de eletricidade global, afirma a IEA. Além de aumentar a pressão sobre os sistemas de energia, o calor extremo e o consumo de ar-condicionado geram picos na demanda por eletricidade – o que pode levar a um ciclo vicioso de aumento nas emissões de gases de efeito estufa para a geração dessa carga extra.

No Brasil, o calor, a seca atual e o nível baixo nos reservatórios das hidrelétricas contribuem para que a conta de energia fique mais cara. A partir de setembro, o brasileiro vai pagar R$ 4,46 a mais para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, de acordo com a bandeira vermelha do sistema tarifário controlado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Investir em adaptação

Frente ao prognóstico, uma das soluções para as cidades é investir em infraestrutura verde, avalia Keila Ferreira, coordenadora de baixo carbono e resiliência do Iclei no Brasil, uma associação mundial de governos locais e subnacionais dedicados ao desenvolvimento sustentável.

“Criação de espaços arborizados para reduzir o calor urbano e uso de materiais permeáveis para controlar enchentes são exemplos práticos”, cita Ferreira. “Uma cidade que investe em energia solar ou eólica, por exemplo, reduz a dependência de fontes fósseis e emissão de gases de efeito estufa colaborando para estabilização do clima”, complementa.

Com informações do UOL